Perspectiva

Volume de chuvas deverá superar a média nos próximos três meses

Acumulados podem alcançar mais do que o dobro do normal; eventos têm potencial de causar outros episódios de cheia e de perdas em vários segmentos

Foto: Italo Santos - Especial - DP - Tendência é que outubro, novembro e dezembro repitam imagens vistas em setembro devido ao El Niño

Registrando 462,5 milímetros, esse setembro foi o mais chuvoso dos últimos 110 anos em Pelotas e, até o final do ano, a Zona Sul deverá ter que enfrentar mais períodos de grande precipitação. Nos próximos três meses, o total dos volumes poderá ultrapassar os 600 milímetros, com dezembro sendo o período que mais supera a média histórica. A previsão também é um alerta para os prejuízos, em razão da frequência de alagamentos e granizo. 

A trégua de chuva na região tem dias contados, isso porque a partir da segunda quinzena de outubro o fenômeno começa a retornar gradualmente. Conforme o professor de climatologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Julio Marques, o volume do período deve atingir 180 milímetros. A grande intensidade deverá se estender até novembro, com registros de acumulado semelhante ao mês anterior. Já o cenário de maior preocupação ocorrerá em dezembro, pois há possibilidade que as precipitações superem os 200 milímetros, sendo o número mais do que o dobro da média histórica. “Isso para a agricultura é extremamente preocupante.” 

Após dois anos de primavera e verão considerados secos, as fortes oscilações ocorrem em razão da localidade demográfica da Zona Sul. Marques explica que a região tem uma variação climática natural que propiciam as mudanças bruscas de tempo. Além disso, dois fatores têm causado os grandes volumes com mais frequência: o aquecimento das águas dos oceanos combinado com a frequência maior de massas de ar frio que têm entrado na atmosfera. “A chuva é dependente desses dois parâmetros, a quantidade de umidade e as frentes frias.”

Cheias e granizo

Com a cheia da Lagoa dos Patos e outros corpos d’água, a soma do grande acumulado de setembro com os registros dos próximos três meses poderá acarretar em novos episódios de enchentes. “E vai estar chovendo em um solo já molhado”, complementa Marques.

Além disso, o professor alerta que, devido a influência do fenômeno El Niño, eventos como intempéries e chuvas de granizo deverão ocorrer com maior periodicidade. “Possivelmente ainda vai ter bastante transtornos com tempestades. Até o final do ano a possibilidade de termos alagamentos e granizo é grande”, ressalta.

Danos

O professor destaca ainda que, além dos estragos estruturais, as ocorrências até o final do ano deverão ter impacto significativo em diversos setores, como a agricultura. Na região, culturas como fumo e pêssego já vinham sofrendo danos devido às quedas de granizo, perdas que poderão ser intensificadas.

“A perspectiva é essa, a Lagoa vai se manter com muita água, a pescaria de água salgada praticamente não tem possibilidade de ter no próximo verão porque tem muita água doce, todas as atividades ficam afetadas. Os agricultores têm de aproveitar a primeira quinzena [de outubro] para o manuseio”.

Prevenção e enfrentamento

Pesquisador da área ambiental, o professor Marcelo Dutra destaca que as mudanças climáticas tendem a se mostrar mais intensas, sob influência de La Niña e El Niño e, por este motivo, os municípios necessitam de planos de ação para enfrentar desastres. “Não se tratam de episódios isolados, pelo contrário, se repetirá outras vezes”.

Dutra ressalta que a região não está preparada para eventos como os que ocorreram recentemente e que a vulnerabilidade expõe a urgência da criação de um plano climático. “Talvez, seja o momento de considerar estratégias de prevenção e adaptação na próxima revisão do Plano Diretor.”

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